Franz Kafka redigiu esta novela em uma única noite entre 1923 e 1924, seis meses antes de morrer. Nela, o narrador-protagonista, uma criatura anônima, dedica-se obsessivamente à criação e manutenção de sua moradia subterrânea, um refúgio projetado para sua segurança, mas que acaba se transformando em um absurdo labirinto de suas próprias inseguranças quando ele passa a escutar, “perfurando” o silêncio solitário de seu lar, um ruído de origem desconhecida.? ?
Publicado postumamente em 1931, a novela encapsula o dilema existencial da personagem, que se vê cada vez mais isolada enquanto se esforça para defender seu espaço contra ameaças externas, sejam elas concretas ou fantásticas. A prosa de Kafka, marcada por um estilo introspectivo, preciso e perturbador, provoca reflexões sobre o conceito de lar, a fragilidade da segurança e as barreiras que construímos para lidar – ou não lidar – com a angústia. Ao mesmo tempo, a obra se torna uma alegoria da alienação, do luto e do desamparo que p