Nada é simples ou evidente quando nos debruçamos sobre uma bebida que faz parte da história, da vida e do imaginário do brasileiro há séculos, que está presente em todo o território nacional e que, ao longo do tempo, figurou na maioria das vezes fora do centro das atenções, dos registros, dos escritos.
A cachaça, é notório, costumou circular principalmente pelas margens da sociedade, associada a categorias sociais subalternas e, não raro, exercendo papéis, no mínimo, ambíguos. Em paralelo, tornou-se bebida ritual nas religiões afro-brasileiras. Essa mesma cachaça, que é estigmatizada como bebida barata, ligada às mais baixas posições da escala econômica, poderá, invertendo completamente sua significação, ser evocada como símbolo de brasilidade, portadora dos mais profundos atributos da nacionalidade brasileira.
Mas a cachaça rende muito à pesquisa. Sua ampla circulação na sociedade brasileira, cumprindo uma infinidade de funções, continua a provocar os pesquisadores a estabelecer