Este é um texto sobre a Justiça brasileira e também sobre afetos, sujeições, acessos, dispositivos do
discurso, leis, decisões e máquinas. Um inspirador e
original exemplo do que Bruno Latour chamou de
Antropologia simétrica. Sara Munhoz compôs uma
etnograa primorosa e profunda que mostra a trajetória
do desenvolvimento dos sistemas algorítmicos
indispensáveis para a organização judiciária. Sua
descrição nos mostra como os mediadores sociotécnicos
acabam colonizando o sistema de justiça não só pelas
disciplinas, como já havia alertado Michel Foucault, mas
pelas máquinas digitais cada vez mais autômatas e suas
complexas infraestruturas.
A agilidade e a urgência da intensa digitalização e
conversão do conjunto de uxos interativos do Judiciário
em dados não parecem ser evitáveis, muito menos
socialmente pretendidos. Com delicadeza, Sara Munhoz
nos conduziu pelos caminhos de uma servidão maquínica
que denirá o regime do visível que é constitutivo da
Justiça. O que não for acessado pelo sis