O livro Gângsters da caridade, de Fabíola Amaral Tomé de Souza, explora o sistema político subvencional brasileiro entre 1946 e 1964, analisando como as subvenções sociais, originalmente destinadas ao auxílio de instituições filantrópicas, tornaram-se instrumentos de corrupção e clientelismo político. Com base em fontes como processos administrativos, depoimentos de CPIs, reportagens jornalísticas e livros-denúncia, a obra detalha os mecanismos pelos quais políticos e tecnocratas usaram essas verbas para consolidar poder e prestígio.
A autora evidencia a criação de uma nova classe de intermediários — os "despachantes da caridade" — e os desafios enfrentados pelo Serviço de Assistência a Menores (SAM), órgão central na administração dessas verbas, que se tornou um palco de desvios e favorecimentos. Ao longo dos capítulos, a obra discute os impactos dessas práticas na governança brasileira, os limites das leis de regulação e os conflitos entre ética e interesses políticos.