O afrobeat, movimento cultural cuja expressão principal é o gênero musical homônimo, foi em grande parte concebido pela figura do multi-instrumentista nigeriano Fela Kuti no início dos anos 1970, que o utilizou como um importante veículo de contestação política e de afirmação da identidade negra. No Brasil, no entanto, o impacto de sua obra parece ter ganhado maior visibilidade apenas muito tempo depois de sua morte, ocorrida em 1997.
No centro deste processo emergiram grupos, artistas e produtores culturais que, de maneiras distintas, dialogam com o afrobeat, efetuando sua tradução. A tradução cultural é entendida aqui como um processo de recriação que ora se aproxima, ora se distancia do original e, nesta negociação, introduz tensionamentos significativos: pelo fato dos grupos considerados na pesquisa que originou este livro – Abayomy, Bixiga 70 e os DJs idealizadores da Festa Fela – serem compostos majoritariamente por indivíduos brancos, a obra busca compreender como estes sujeito