Mais de 80% dos moradores dos grandes centros urbanos do país tem medo de serem assassinados. Em busca de proteção, modificam a arquitetura de suas casas, aumentam grades e muros, e alteram sua rotina, horários e trajetos por onde circulam. Para enfrentar a violência muitos apoiam medidas policiais repressivas, a diminuição da maioridade penal, intervenção militar e até mesmo a pena de morte. Medidas como estas reproduzem a violência. As estatísticas indicam que aqueles que tem maior risco de morrer por armas de fogo são os jovens negros do sexo masculino moradores das periferias com idade entre 15 e 29 anos. Esses jovens ocupam o lugar de bodes expiatórios, ou seja, são responsabilizados moralmente e individualmente pelos problemas estruturais da sociedade. As mortes violentas que ocorrem nas ruas, à vista de todos, sem chance de proteção ou preparo, e divulgadas pela mídia de maneira sensacionalista, são chamadas de mortes escancaradas. Para cada jovem assassinado, há um grande conti