Este livro examina a relação entre a Academia Brasileira de Letras (ABL) e o regime militar brasileiro (1964-1985). O objetivo é verificar em que medida essa instituição – oficialmente “apolítica” – tornou-se uma instância de legitimação para a ditadura militar. A história da ABL foi analisada desde a sua fundação, privilegiando seu papel no campo cultural brasileiro nas décadas de 1960 e 1970. Nesse período, ao lado do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e do Conselho Federal de Cultura (CFC), a ABL constituiu uma “estrutura cultural conservadora” – lugar de sociabilidade das elites intelectuais e políticas de direita e de elaboração de um discurso conservador. A prosopografia empreendida dos membros da ABL trouxe à luz um grupo de intelectuais conservadores brasileiros que, hoje em parte esquecidos, articulou-se desde o Estado Novo (1937-1945) até o fim do regime militar, com forte presença na imprensa e integrando redes que facilitaram o acesso dos seus membros aos po